quarta-feira, 18 de março de 2015

26M: dia nacional de lutas em defesa da educação!


O Brasil é uma panela de pressão desde as jornadas de junho. Uma nova consciência crítica se ergueu e milhares de jovens e trabalhadores estão mais dispostos a lutar em defesa de seus direitos.
Porém, o Governo Dilma, agora reeleito, aplica suas políticas de ajustes fiscais e de contra-reformas que vão na contramão do que as ruas colocam.
Exemplo disso, é que mesmo dizendo que o lema de sua gestão será “Pátria Educadora” mal começou 2015 e o Governo Dilma faz um grande corte no orçamento dos serviços públicos de R$ 22,7 bilhões e a educação tem o maior corte, equivalente a R$ 7 bilhões por ano, 31% em relação a 2014. A isso se soma à equipe de ministros nomeados pela presidenta, o ministro da educação Cid Gomes, que declarou que “o professor deve trabalhar por amor, e não pelo salário”.
Esse corte do orçamento acontece ao mesmo tempo em que o Brasil reúne o maior conglomerado de educação privada, a Kroton-Anhanguera, que em 2013 totalizou cerca de 1 milhão de alunos e um valor de mercado de R$ 12 bilhões aplicados na Bolsa de Valores.
Enquanto o ensino privado lucra bilhões e a educação sofre um corte de milhões, centenas de estudantes que não foram aprovados nos concorridos e seletivos vestibulares elitistas voltam para as salas lotadas dos cursinhos, alimentando a perspectiva de que eles são os culpados por não serem “as melhores cabeças”, pagando caríssimas mensalidades pros cursos pré-vestibulares dos empresários da educação enquanto que as vidas dos que entram na universidade continuam pagando a conta dos banqueiros de Dilma.

Defender a juventude trabalhadora no Brasil e lutar por mais direitos

As demissões previstas ou as que já aconteceram no ramo da indústria, como na Volkswagen e na General Motors em São Paulo, no Comperj no Rio de Janeiro e a terceirização de cargos do serviço público, prevista no PL 4330, são parte do contexto em que 29,6 % de jovens com idade entre 18 e 24 anos não trabalham e não procuram emprego (dados de 2013 do IBGE-PNAD), e de 5,9% de queda na participação de jovens no mercado de trabalho desde 2012 (dados do IPEA).
O quadro do desemprego já é uma realidade da juventude nesse processo atual mais intenso de crise e recessão econômica que o sistema capitalista tem passado.
Por mais que haja uma propaganda do Governo Federal de que o jovem que hoje não trabalha está dentro de uma universidade, é preciso saber que o processo de precarização dessas instituições se intensificou desde quando o Governo Lula criou programas como o Reuni (Plano de reestruturação e expansão das universidades federais), e ampliou programas do governo FHC que estimulam o ensino privado como o Prouni (Programa universidade para todos) e o Fies (Programa de financiamento estudantil).
Essa ideologia propagada pelos governos é uma verdadeira farsa, pois a greve nacional da educação em 2012 mostrou que muitas universidades não tem políticas de assistência estudantil que garantam moradia, restaurantes, creches, além de infraestrutura mínima como prédios para salas de aula, bibliotecas e laboratórios.
O estudante que entra nessas instituições não consegue permanecer e se formar, ou aquele que ainda consegue o diploma, que não significa garantia de emprego, fica por anos endividado graças ao Fies.

Universidades em colapso

As universidades públicas e privadas entraram num verdadeiro colapso por causa dos pacotes de maldades implementados pelos governos. Mas, ao mesmo tempo a juventude não tem ficado calada diante destes ataques.
Universidades como a UFRJ e Unifesp, tiveram o início das aulas adiadas por várias semanas consecutivas devido à grande quantidade de demissões de trabalhadores terceirizados de limpeza e segurança. Os trabalhadores da UFG também sofrem com as demissões e precarização das condições de trabalho.
Estudantes da UFAL fizeram uma manifestação no início de fevereiro para exigir o pagamento das bolsas de cerca de 1300 estudantes que estavam atrasadas desde o mês de janeiro. Já na UFPB, as bolsas dos estudantes têm atraso de dois meses e a decisão foi de radicalizar ocupando a Reitoria da universidade no dia 20 de fevereiro.
Na Unifesp, os atrasos já ocorrem desde novembro de 2014 e muitos serviços foram cortados ou terceirizados antes do começo de 2015, como é o caso da limpeza, segurança e transporte. E atualmente, os estudantes da Unifesp estão em paralisação e é possível que entrem em greve.
Na UFF, os trabalhadores terceirizados têm atraso nos seus salários desde o ano passado e atualmente fazem piquete na porta da universidade paralisando as atividades e sensibilizando outras categorias como estudantes e professores com sua causa e trazendo mais pessoas para a luta em defesa do salários e de direitos trabalhistas.
A medida de corte no orçamento acontece também nas estaduais, como a UERJ, que teve que antecipar o recesso do ano de 2014 por dificuldades financeiras e começou 2015 com greve de funcionários da limpeza por não pagamento de salários e hoje o Governo Pezão reteve R$ 91,3 milhões de verbas, podendo paralisar alguns projetos da universidade.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) está à beira de colapso, pois desde 2014 o Governo do Estado não repassou verbas de custeio e a universidade tem dívidas de energia elétrica e de água de mais de R$ 2 milhões, e agora não pode fazer cultivo de plantas, alimentação de animais do Hospital Veterinário, viagens dos alunos, sem possibilidade de pagar centenas de bolsas e materiais de laboratórios.
Nas universidades do Rio Grande do Norte, como a UERN e UFRN, já é habitual a falta de todo tipo de material de expediente e de limpeza no último trimestre de cada ano e os poucos investimentos são brutalmente cortados pelo Governo do Estado, além da imposição de catracas no restaurante universitário.

Unificar as lutas na educação a partir do 26M e construir uma Greve Geral!

Motivos não faltam para que lutemos pela educação pública, gratuita e de qualidade e por mais direitos ao nosso futuro.
É por isso que o Andes-SN, Anel e a Oposição de Esquerda da UNE e outros coletivos  estão convocando o dia 26 de março como um dia nacional de lutas contra os cortes na educação. Este dia não será o primeiro nem o último dia que estudantes e trabalhadores irão à ruas.
Devemos nos inspirar na greve geral dos trabalhadores do Paraná, que unificaram todas as categorias e enfrentaram os pacotes de maldades, ocupando a Assembléia Legislativa e expulsaram os deputados, fazendo-os sair escoltados.
Mas é preciso que sejam criados espaços nacionais unificados, para que nossas lutas não sejam fragmentadas.
Na compreensão do Coletivo Construção, daremos um passo maior para avançar nas lutas se unificarmos as pautas da Frente pelas Reformas Populares, encabeçada pelo MTST, sindicatos e movimentos populares, e o Espaço Unidade de Ação, composto por vários sindicatos. Somente com unidade das lutas da esquerda teremos um patamar superior de construção de um programa de combate às contra-reformas implementadas por todos os governos.
O 26 de março deve ser um dia de iniciativas radicalizadas nas escolas, universidades e cursinhos e de chamado para a luta contra os cortes de gastos e de defesa de 10% do PIB para a educação pública e já.
E a partir do 26M, a juventude que se reunirá no Encontro Nacional dos DCEs no dia 30 de março deve se somar à jornada nacional de luta dos Servidores Públicos Federais que acontecerá nos dias 07, 08 e 09 de abril em Brasília, para construirmos as bases na perspectiva de uma greve geral da educação no Brasil.

  • UNIFICAR AS LUTAS DA JUVENTUDE E DOS TRABALHADORES E CONSTRUIR UMA GREVE GERAL NA EDUCAÇÃO!
  • NÃO AO CORTE DE GASTOS!
  • NÃO ÀS DEMISSÕES!
  • POR 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA E JÁ!

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