Historico


Nasce o Coletivo Nacional CONSTRUÇÃO!

Depois dos dois congressos (CNE e CONUNE), a Tese Construção criou uma forte relação entre aqueles que assinaram a tese. Militantes de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Ceará, Sergipe, viram a necessidade de se organizar nacionalmente e fundaram o coletivo de juventude CONSTRUÇÃO! Ainda somos recém nascidos, mas temos como defesa um movimento de juventude autônomo de partidos e governos, que seja plural e democrático. Nossa defesa é intransigente pela universidade pública de qualidade para todos. Além disso, temos a preocupação de dialogar com aqueles que estão fora das universidades e escolas, ou seja, a maioria dos jovens. Atuamos nos pré-vestibulares populares e movimentos populares da cidade e do campo.
Mas pra que o movimento estudantil?
A primeira imagem que a maioria das pessoas tem quando chegam à Universidade é que o movimento estudantil é uma grande besteira. Um bando de pessoas que não tem o que fazer e que ficam brigando por tudo. Na verdade não é bem assim. A organização dos estudantes é fundamental  para se garantir uma universidade que de fato sirva à sociedade e não aos interesses privados. Se hoje ainda há universidade pública, sem dúvida, isto se deve à mobilização organizada de várias gerações de estudantes que não se calaram diante da injustiça, lutando contra a precarização das condições dos estudantes e até mesmo contra a ditadura militar. Muitos nestes tortuosos caminhos deram a vida ou foram duramente torturados na defesa de um mundo livre da opressão. Ou seja, quem participa do movimento estudantil tem muito que fazer.
Mas aonde a gente vai se organizar?
Para que a nossa lute seja conseqüente é essencial termos espaços de auto-organização, de maneira que possamos de forma coletiva e democrática intervir na nossa dura realidade, por isso, temos as entidades estudantis como nosso espaço de organização: o Centro Acadêmico (CA), Diretório Acadêmico (DA) e Diretório Central de Estudantes (DCE).
A entidade nacional dos estudantes deveria cumprir o papel de articular todas estas entidades locais, possibilitando uma resposta nacional aos ataques que nós estudantes sofremos. Daí veio o surgimento da União Nacional dos Estudantes (UNE), ainda na década de 1930... Esta entidade foi extremamente importante na luta pela nacionalização do petróleo brasileiro (O Petróleo é Nosso!), na luta contra a ditadura de 1964 e durante o “Fora Collor”. Mas hoje a UNE não parece nada combativa.
Hoje, a direção majoritária da UNE (UJS-PC do B) está mais interessada em defender o governo Lula a todo custo, do que realmente lutar pelos direitos dos estudantes. E assim o PC do B se mantém na direção da entidade há 18 anos. É dinheiro pra construir sede da UNE, é verba da Petrobrás, até a Globo tem parcerias com a UNE... toda hora tem uma graninha pra amansar a UNE frente o governo Lula. E aí ? O que a gente faz?
O Congresso Nacional de Estudantes (CNE): uma boa iniciativa, mas um desfecho limitado
Pensamos nestes problemas, nós do Coletivo Construção, juntamente com outros coletivos, ajudamos a construir o Congresso Nacional de Estudantes (CNE) no Rio de Janeiro, nos dias 11 à 14 de junho. A idéia era justamente discutir os rumos do movimento estudantil, já que a UNE está indo mal das pernas. A iniciativa era boa, reunimos cerca de 1800 estudantes de alguns estados e universidades do país, além de grêmios estudantis, no entanto, ao invés de discutirmos formas de nos unir para construir uma plataforma política e um calendário nacional de lutas, o que se viu foi o grupo majoritário (PSTU), decidindo sozinho pela criação de uma entidade estudantil antes mesmo de se saber o que iria ser defendido. A riqueza do congresso em termos de debates se perdeu numa vontade menor do PSTU de construir a sua entidade, ou seja, ao invés de organizar a luta sem sectarismos, estavam mais preocupados com a formação de um aparato burocrático. Como se o fato de ter uma entidade levaria necessariamente a uma mobilização dos estudantes.
Nós do Coletivo Construção mantivemos a nossa proposta de formação de um Fórum Nacional de Estudantes, sem que houvesse a formação de um aparato burocrático, mas sim uma organização nacional construída pelas entidades locais e executivas de cursos. Além disso, pautamos a discussão dos rumos da educação, saúde, meio ambiente e opressões nos espaços do CNE, apesar disso, só o que se pensava era em ter uma nova entidade do movimento estudantil. O resultado disso foi que se fundou a Assembléia Nacional de Estudantes Livre (ANEL), que até agora, ironicamente, só tem o PSTU. Entretanto apesar de não concordarmos com o que foi decidido, consideramos importante mantermos o diálogo e atuarmos conjuntamente com os que participam da ANEL.
O 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes: a festa do governo Lula
Logo depois, aconteceu o 51º Congresso da UNE nos dias 15 à 19 de julho, em Brasília. Nós do Coletivo Construção fomos ao Congresso, no intuito de dialogar com os estudantes, pois lá se reuniram cerca de 4 mil estudantes, de 92% das universidades do país. Assinamos a Tese Construção, em que mantínhamos a coerência, mantendo a proposta de construir um Fórum Nacional de Estudantes, sem que houvesse sectarismos, ou seja, a idéia é que temos que nos unir e  organizar. Não dá pra ficar discutindo de qual entidade você participa, enquanto as lutas passam ao nosso redor. E fomos para Brasília...
Lá, no entanto, o que era pra ser um espaço de discussão e construção de política nacional para a juventude, se tornou um circo governista, em que regados a muito dinheiro público (o governo federal já deu a UNE mais de 10 milhões de reais!) a direção majoritária do Congresso (UJS –PC do B) definiu que tudo que o governo impõe a juventude brasileira deve aceitar. Isso significa ampliar o sucateamento das universidades públicas e o favorecimento às universidades privadas, que pouco compromisso tem com a educação, estando estas mais preocupadas com as suas taxas de lucro.
Por isso, compusemos a Oposição de Esquerda (OE) no Congresso da UNE com o objetivo de unificar os lutadores da juventude. Já que a direção majoritária da UNE (PC do B, PT, PMDB) quer ser chapa branca do governo, nós do Construção juntamente com os setores da Oposição de Esquerda compusemos uma chapa dos que se mantém na luta pelo ensino público e mantêm autonomia frente a partidos e governos. A chapa saiu com o compromisso de construir o Fórum Nacional de Estudantes de entidades estudantis locais, que não aceitam se vender para o governo  federal. Este fórum teria como objetivo construir as lutas em defesa do passe-livre, da meia-entrada, de melhores condições de trabalho para a juventude, pela defesa da universidade pública de qualidade e tantas outras demandas que a direção majoritária da UNE se nega a atuar. É importante darmos todo o peso na construção deste Fórum Nacional de Estudantes espaço juntamente com os setores combativos dos professores e funcionários técnicos que também estão ao nosso lado na luta pela universidade pública.
Nossa participação na chapa se deu em função desta política unitária vitoriosa. Somos contra indicar nomes para os cargos da entidade. Não queremos cargos desta entidade, vamos ao Congresso da UNE pra dialogar com os estudantes de todo Brasil. Defendemos que a Oposição de Esquerda deva fazer o mesmo e não caia numa disputa estéril pelo aparato da entidade. Não queremos cargos, queremos luta!

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